domingo, 9 de maio de 2010

Criador e Criatura

          Quando nos criou Deus nos deu tudo. Só uma restrição fez: a de não comermos o fruto de uma determinada árvore. Desobedecemos e ofendemos a Deus. E, pior do que a desobediência foi seu motivo: sermos como nosso criador.
          Vejamos o que disse a serpente para Eva momentos antes de ela comer o fruto: “… Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal” – Gênesis 3,5.
          Eva acreditou, e fez Adão acreditar, que comer aquele fruto os levariam a ser iguais a Deus. Eis o motivo da desobediência que gerou a queda: o desejo de ser grandioso e resolver tudo a suas expensas.
          A serpente enganou a Eva sem proferir mentira alguma. Usando sua reconhecida astúcia disse que Adão e Eva “seriam como deuses” e não que seriam deuses. Ser como, não é a mesma coisa que ser igual. A serpente só disse o que já sabíamos e sabemos: Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Ser semelhante não é a mesma coisa que ser igual. Assemelhamos-nos a Deus quando misturando coisas já criadas apresentamos algo novo como “criação” nossa. Isto é apenas “criar” à semelhança considerando que é impossível para nós dizer: “Faça-se algo”.
          O desejo de grandeza e poder, motivo da queda humana, precisa ser vencido. E, felizmente, Deus indicou o caminho para sermos novamente aceitos em sua presença. Este caminho foi-nos trazido pelas mensagens transmitidas pelo nascimento, vida, morte e ressurreição do Nazareno. É preciso viver sem dar crédito a sonhos irreais de auto-salvação. Eles nascem na mente e não na alma. São repetições do diálogo serpentino. O que precisamos é vencer o “desejo de ser, de ter e de poder” para sermos aceitos novamente na presença de Deus. É o que busca nos ensinar o Voto de Obediência prescrito pela Igreja Católica a todos os seus membros.
          Obedecer leva à humildade e ajuda a entender que somos filhos e não iguais a Deus. Que somos criatura e não criador.
          O próprio Jesus, quando foi tentado no deserto a transformar pedras em pães, preferiu, mais uma vez, nos dar a grande lição de que é preciso ser humilde.
          Fazer parte do rebanho como igual e não se achar melhor, diferente ou especial: eis o segredo.
          É preciso acreditar na redenção e no redentor. Com nosso viver, provar que vencemos o desejo de sermos grandes, diferentes e especiais. Aceitar que somos ovelhas e que sem o pastor nada somos.
          Evoluir no saber deixando de lado o coração é, na verdade, involuir.
Meditar é preciso!