"O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU deve anunciar em 2 de fevereiro que a temperatura do planeta aumentará entre 2ºC e 4,5ºC, mais do que o dobro do previsto em 2001.” Esta notícia veiculada pelo Portal Terra – veja noticia – merece muita reflexão. O erro admitido na previsão feita em 2001 para o aquecimento até o final do século XXI é muito grande. Mais de 100%. Algumas perguntas precisam ser respondidas para explicar esta brutal diferença. Será que avaliamos pra baixo a ação progressiva e danosa dos atos humanos sobre o meio-ambiente? Ela está sendo ampliada ao invés de reduzida? Será que sabemos com que forças e em que proporção estamos lidando? Em função disso, será que somos capazes de dimensionar, com mais ou menos clareza, a progressão da ação destas forças? Será que daqui a cinco anos, talvez menos, não teremos que novamente dobrar o índice que estamos prevendo hoje?
Não posso responder. Não sou cientista. Sou apenas um humanista. E é como humanista que escrevo este artigo. Para um humanista a vida, qualquer que seja ela, vale muito.
Quando leio que um Diretor do Greenpeace em tom de lamento diz “que podemos perder o planeta”. E que o aumento de três graus é suficiente “para transformar a floresta amazônica em cerrado”, me pergunto: Cadê a humanidade conforme eu a concebo? E o respeito à vida? Onde está?
A floresta amazônica transformada em cerrado! Toda a vida milenar da floresta perdida e, isso acontecendo, bilhões de vidas humanas ceifadas pelo mundo afora.
É grave. Muito grave. Entretanto, parece grave apenas para os que valorizam a vida. Tão difícil de ser conseguida e tão banalizada. Quantidade versus qualidade! Da quantidade as estatísticas se encarregam. A qualidade é um abraço cósmico. É individual e não se mede por raça, sexo e cor. No grande mosaico que é a vida, cada fragmento tem a mesma importância. Individualmente desaparecem quando a obra se completa, mas ela só será bela e sem defeitos se todos os fragmentos ali estiverem. Para o universo cada ser é obra completa em si mesma e ao mesmo tempo um fragmento necessário e imprescindível à grande obra universal. É preciso amar a vida. Não apenas a sua própria, mas todas as vidas. Se não puder amar assim, pelo menos respeite a vida e o viver dos outros. Sem excluir a natureza.
A atual situação em que se encontra o planeta – eu disse o planeta – não pode e não será resolvida por ações isoladas de povos ou países. Só terão a mínima chance de sucesso ações abraçadas por toda a humanidade. Utopia? Sim. Mas quem sabe se, de repente, não descobrimos que nada pode ser feito sem antes começarmos a diminuir as desigualdades. Estamos vivendo um problema que é de todos. Será que é de todos? A posição de certos países nos dá a impressão que é um problema apenas de alguns. Particularmente tenho certa desconfiança com este tipo de atitude. É preciso ficar alerta quando o calor está em todo lugar e alguns não o sentem.