Viajando para Brasília parei na estrada para fazer um lanche. Nunca pensei que esta parada pudesse me levar a mergulhar tão profundamente em rincões ainda não conhecidos de meu mundo interior.

Foi um mergulho curto, não demorou mais que um segundo quando medido pelo tempo da personalidade. Entretanto, neste segundo, as histórias e fatos que presenciei, e mesmo vivenciei, necessitariam de meses, ou até anos, para terem uma existência real. Para efeito deste artigo estas histórias e fatos vão ter pouco interesse. Não precisam ser tratadas. O que resultou desta viagem interior é o que importa.

E o tempo? Será que existe mesmo? É apenas uma ilusão dos sentidos? Não sou afeito a dar respostas. Se as respostas já não estiverem presentes em você, o que falam ou dizem são apenas palavras. Indagar talvez seja melhor. Já pensou seriamente sobre o significado da expressão UNIVERSOS PARALELOS? Fatos e diálogos completos – como acontecem nos sonhos – podem se passar em segundos? Acordar e achar que acabou de dormir mesmo que este sono tenha durado oito horas, o que pode indicar? Será mesmo que o tempo é apenas uma ilusão da consciência no mundo material? As respostas não devem ser nossas.

E as conquistas? Para onde nos levam? Apenas para longe de nós mesmos? Conquistas – principalmente as que possuem sua base na ambição – nos afastam cada vez mais de nós. Vejam Alexandre, O Grande. Conquistou todo o mundo conhecido e não reinou em lugar nenhum. Nem mesmo no seu próprio país, para onde nunca mais voltou. Uma sucessão de batalhas que leva a um único fim: acumular herança. Conquistamos e acumulamos para deixar como herança. Nome, poder, dinheiro e honra é a herança que os conquistadores ambiciosos deixam. E como tudo, conquistadores e herdeiros, também serão destruídos pelo tempo. Olha o tempo aí de novo. Será que ele existe? Ou será que não há nada a destruir.  Conquistas, herdeiros, herança, nome, poder, dinheiro e honra serão também ilusões?

E o casal de estrangeiros?  Possuem uma lanchonete no meio do nada. Vieram para o Brasil por problemas políticos e já estão na “melhor idade”. Trabalham muito. Já passei pela lanchonete – que vende salgados de sabor especial – dezenas de vezes. Lá estão eles trabalhando. Sábado, domingo feriados. Foi ao olhar para ela e me perguntar porquê tanto trabalho – eles já possuem uma situação financeira boa – que o mergulho se deu. Na volta dele pude compreender alguns segredos do tempo. Percebi, também, que a empada saborosa que pude comer só existia porquê eles continuavam conquistando.